sexta-feira, 20 de abril de 2012

A Fábula do Passarinho Atrasado

O texto que estou postando hoje chegou às minhas mãos em 1985 em uma fotocópia de um FAX (meio de transmissão de documentos mais avançado da época que estava substituindo o TELEX).
A singela estória apresenta a saga de um pequeno passarinho que atrasou-se na sua migração antes do inverno e foi surpreendido por uma forte tempestade durante sua viagem.
Mantive inalterados os termos usados no texto original pois, apesar de inicialmente poderem parecer grosseiros para algumas pessoas, se substituídos, tirariam todo o sentido dos quatro sábios ensinamentos nele contidos. 
Desde aquela época tenho utilizado esses ensinamentos em minha vida pessoal e, principalmente, profissional. Boa leitura!

"Era uma vez um passarinho que se atrasou na sua migração para o sul para fugir do inverno e teve que encarar a longa viagem sozinho, sem o auxílio de seus pares.

Mal ele iniciou a viagem e foi surpreendido por uma fortíssima tempestade de vento e neve.

Sozinho, sem o auxílio dos seus companheiros para vencer a resistência do vento cortante, foi sentindo suas asas cada vez mais fracas, sua respiração cada vez mais ofegante e todo o seu pequeno corpo congelar.

Quando estava a ponto de perder totalmente a consciência, vencido pelo vento, pelo frio e pelo cansaço, avistou uma luz forte a uma centena de metros a sua frente. Num esforço máximo ele conseguiu retirar as últimas forças de suas asinhas congeladas e alcançou a fonte da luz.

Era um grande celeiro no meio do nada com uma janela aberta próxima ao telhado.

Quase desfalecido a pequena ave passou pela abertura da janela e caiu totalmente imóvel no chão.

Achando que não mais teria forças para se recuperar, sentindo seu corpo totalmente rígido e que seu sangue já quase não mais circulava por suas veias, sentiu que algo muito quente e envolvente, como um manto aquecido caiu sobre seu corpinho congelado. Pouco a pouco aquele manto quente o aquecia e desde o seu bico até sua calda seus movimentos foram voltando e ele foi recobrando a consciência dos acontecimentos.

Quando estava totalmente restabelecido, abriu seus pequenos olhinhos para ver o que houvera salvado sua vida. Qual não foi sua surpresa ao ver que o milagroso manto que o aquecera nada mais era do que as fezes de uma grande vaca que ruminava compulsivamente o capim acumulado no chão do celeiro.

Revoltado com a situação o pequeno passarinho começou a piar cada vez mais alto para mostrar sua revolta com aquele animal que minutos atrás cagara na sua cabeçinha.

Ao ver aquela agitação toda e ouvir o alto trinado do passarinho, um gordo gato que fazia sua sesta preguiçosamente, aproximou-se sorrateiramente do animalzinho e sem nenhum tipo de escrúpulo, o comeu mesmo todo coberto por aquela gosma fedorenta.

Desta pequena e singela fábula podemos tirar quatro sábios ensinamentos:

Primeiro Ensinamento: Nem sempre quem caga na sua cabeça é seu inimigo.

Segundo Ensinamento: Nem sempre quem lhe tira da merda é seu amigo.

Terceiro Ensinamento: Se você se sente aquecido e protegido, mesmo que esteja na merda, fique de bico fechado.

Quarto e Último Ensinamento: Quem está na merda não pia."

Autor desconhecido. (Reescrita por Belmiro Barrella Jr.)

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A Estrada Foi Longa e Ele Chegou Lá

Fiquei ausente por alguns dias pois não sabia como começar a escrever algo que jamais imaginei que um dia iria escrever. Ainda não tenho certeza da melhor forma de começar, mas, pelo menos, resolvi tentar colocar no papel o que estou sentindo no meu coração.
Após cerca de cinco anos acompanhando basicamente dia após dia uma mente brilhante ser apagada, linha por linha, parágrafo por parágrafo, página após página. No começo tudo era motivo de brincadeiras por parte dos amigos do clube e de nós, seus familiares. Seus lapsos de memória eram até que engraçados. 
Começando lá pelos idos dos anos setenta, quando eu e os meus irmãos estávamos na adolescência, para ele lembrar os nomes dos nossos amigos, era um evento raro. Ele referia-se a todos como “o menino”. Duro era saber de qual menino ele estava falando.
Quando se lembrava de algum nome, quase sempre trocava a pessoa, quantas vezes trocou o nome de um pelo do outro! 
Apesar desses pequenos lapsos de memória, todos gostavam do seu jeito divertido, sempre pronto para contar uma piada, cantar uma música ou falar algo divertido. Ele se dava muito bem com público de todas as idades. Diga-se de passagem, isso era a sua vida: o público, o palco e as palmas.
Todos o admiravam muito, principalmente quando ele conseguia colocar o grupo todo para dançar as Noites de Carnaval do Palmeiras sem pagar. Dava muito orgulho a mim e ao meu irmão quando a orquestra começava a tocar uma das suas inesquecíveis marchinhas de Carnaval e nossos amigos nos olhavam e gritavam, para nós:
     -“Pontinho pro Barrellão!” 
Pensando bem, hoje tenho certeza de que ele não nasceu, ele estreou no dia do seu nascimento. Seu choro foi apenas a sua primeira apresentação em público e desse dia em diante foram incontáveis as apresentações.
Era muito legal vê-lo na televisão cantando suas marchinhas nos programas “Almoço com as Estrelas” e o “Clube dos Artistas”, do casal Airton e Lolita Rodrigues, na extinta TV Tupi. Antes de sair de casa ele passava um talco na sua carequinha e na hora de sair ele se perfumava todo e tirava aquele talco. Sua justificativa era que aquilo “tirava o brilho metálico” que aparecia devido aos holofotes do estúdio da Avenida Dr. Arnaldo, em São Paulo.
Lembro-me também como se fosse hoje o troféu que ele ganhou no Programa “Discoteca do Chacrinha” por fazer uma música durante o programa, tendo como tema: A Garota que Passa! Também não consigo esquecer o dia em que, com uma bolada eu derrubei o troféu da prateleira e ele se partiu. Felizmente o bom marceneiro Sidnei, o consertou sem deixar vestígios e ainda hoje ele se encontra no mesmo canto da mesma prateleira, junto a tantos outros que ele recebeu ao longo de sua vida-carreira.
O pai de nenhum dos nossos amigos aparecia na televisão e nós sentíamos muito orgulho daquilo tudo.
Sua vida cotidiana, no entanto, não tinha qualquer glamour, pois ele dedicou sua vida a uma carreira como bancário, numa época em que os bancários trabalhavam de gravata e paletó. Todos os dias antes de sair de casa para pegar o ônibus que o levava da Lapa para o Centro de São Paulo, para a Agência do BASA – Banco da Amazônia, ele cuidadosamente engraxava o seu par de sapatos. Sua camisa sempre tinha que estar impecavelmente passada e o seu terno era sempre muito bem cortado, normalmente feito a mão por algum habilidoso alfaiate. 
Tinha então a gravata. Ah, a gravata para ele era coisa muito séria! Ele sempre fez questão de comprar suas próprias gravatas e quando as ganhava de presente, dificilmente as usava, pois para ele gravata era realmente coisa muito séria.
Depois de cuidadosamente pentear os poucos cabelos que ainda lhe restavam desde os trinta e poucos anos, passava sempre um perfume de marca para completar o personagem e pronto, ao trabalho!
Foi uma rotina de uma vida inteira, trinta e dois anos de trabalho como bancário e muitas e muitas noites correndo de baile em baile para cantar as suas marchinhas de carnaval pelos bailes paulistanos, que se reverteram em uma casa boa, três filhos muito bem criados e formados na faculdade e algumas economias para desfrutar da melhor idade sem ter que depender de ninguém. Ele pensou em tudo, tudo mesmo!
Infelizmente não houve muito tempo para que ele desfrutasse do que construiu.
Tudo estava correndo perfeitamente dentro do planejado, até que começaram os esquecimentos. Sua chave do armário e do carro ficarem sobre o banco do vestiário virou folclore no Palmeiras. Quem a encontrava já sabia que era dele.
Depois foi o caminho de casa que momentaneamente fugiu-lhe da memória, uma ou outra coisinha sem muita importância até que o alemão, o tal do Alzheimer resolveu visitá-lo e nunca mais abandoná-lo. 
Depois dos pequenos esquecimentos, começaram outros mais significativos e depois veio a depressão trazendo consigo os grandes esquecimentos. Quantas vezes ele não me reconheceu em casa, ou durante as consultas com a Psiquiatra, quando dizia que eu era o amigo do seu enfermeiro, enfim, uma maldita borracha foi apagando dia a dia as suas lembranças. Não foi fácil viver essas experiências, mas fazer o que? Depois de toda a dedicação dele para comigo, era o mínimo que eu tinha a obrigação de fazer. Era minha obrigação fazer daqueles momentos de angustia e tristeza com o seu estado, momentos alegres, sempre transformando a tristeza em brincadeira até que num momento subseqüente ele se lembrasse que eu era o seu filho. Eu fazia de conta que era divertido e brincava com ele, mas no fundo eu sabia o quanto era difícil passar por aquelas situações. 
Ele teve uma vida muito boa. Após sair de Manaus em 1953 para começar uma vida a partir do zero numa cidade como São Paulo, principalmente com o sonho de ser músico e viver de sua arte, ele foi muito mais longe do que ele mesmo poderia imaginar quando saiu de casa para nunca mais voltar.
Ele e minha querida e admirável mãe comeram realmente o pão que o cão do Diabo amassou, sozinhos com três filhos pequenos sem ter com quem contar a não ser com eles mesmos. Ela sempre uma mãe prestimosa e dedicada a ele, à casa e aos filhos e ele, sempre trabalhando pelo nosso pão de cada dia. 
Eles são realmente grandes vencedores.
Graças a esse esforço de ambos hoje somos uma família do bem! Todos casados com parceiros maravilhosos, com filhos maravilhosos. São sete netos que sempre o encheram de orgulho e sobre quem ele falava para todos os amigos com a boca e o coração cheio de orgulho, no entanto, o grande mérito foi dele que sempre nos educou no caminho do bem, da honestidade, do trabalho e da força.
Numa de suas mais belas músicas ele diz:
     -“Sei que a estrada é longa, mas eu chego lá!” E ele chegou, ah, se chegou!
Desde aquela hora em que eu cheguei à sua casa no meio da madrugada e o encontrei em seu sono eterno, restam-me dele apenas o exemplo e as boas lembranças, pois as lembranças ruins, se é que existiram um dia, já foram esquecidas, pelo menos por mim que foi quem mais o contestou e com quem ele mais brigou. Acho que por isso hoje sou a pessoa que sou, ele me treinou para ser um verdadeiro homem.
Eu seria capaz de passar muitas horas e até dias escrevendo sobre essas boas lembranças, mas realmente não consigo mais! Acho que vai ter que ficar para outra ocasião.
Não foi fácil chegar até aqui, e é impossível ir além, não que ele não mereça, mas eu não consigo.
Sei que escrevi uma pequena colcha de retalhos, meio sem pé e nem cabeça, mas coloquei no papel algumas coisas que sempre quis compartilhar com alguém e nunca o fiz.
Esteja bem Barrellão, você é um grande vencedor! 
Finalmente você encontrou o seu tão desejado "deserto para poder se encontrar"!
Esteja onde estiver nunca deixe de animar o seu público e tenha a certeza de que um dia todos os Barrellas estarão novamente juntos cantando ao som do seu violão!
Eu amo você!

domingo, 14 de agosto de 2011

Feliz Dia dos Pais Belmiro Barrella

Conforme descrito na Enciclopédia Livre – Wikipédia, em 1909, nos Estados Unidos, Sonora Luise resolveu criar um dia dedicado aos pais, motivada pela admiração que sentia pelo seu pai, William Jackson Smart. O interesse pela data difundiu-se da cidade de Spokane para todo o Estado de Washington e daí tornou-se uma festa nacional. Em 1972, o presidente americano Richard Nixon oficializou o "Dia dos Pais".
Seguindo a tradição, nos Estados Unidos e em mais vinte e seis países, ele é comemorado no terceiro domingo de Junho. Em Portugal e basicamente em todas as demais ex-colônias portuguesas o Dia dos Pais é comemorado no dia 19 de Março, além de existirem várias datas adotadas por outros países, sendo que, somente no Brasil, este dia é comemorado no segundo domingo de agosto. Sua implantação em nosso país é atribuída ao jornalista Roberto Marinho, com o objetivo de incentivar as vendas do comércio e, por conseguinte, aumentar o faturamento de seu jornal por conta do aumento da publicidade. A data escolhida foi o dia de São Joaquim, sendo festejada pela primeira vez no dia 16 de agosto de 1953.
Deixando um pouco a história de lado, o que representa realmente para cada um de nós esse dia? 
Certamente muitas pessoas vêm no dia de hoje apenas o mesmo objetivo imaginado pelo Jornalista Roberto Marinho em 1953, ou seja, uma data para que sejam comprados presentes para os pais, assim como em outras datas comemorativas com objetivos semelhantes: Dia das Mães, Dia das Crianças e outras que ainda não foram totalmente assimiladas pela população como o: Dia dos Avós, Dia da Sogra entre tantos outros criados pelo comércio com o objetivo explícito de aumentar as vendas.
Para mim hoje é um dia que me traz grande felicidade pelas minhas filhas e pela família que minha esposa e eu conseguimos construir apesar de todas as dificuldades e obstáculos, que somente quem nos conhece sabe quais tem sido. Fomos capazes de construir uma família baseada nos valores mais importantes existem no mundo, ou seja: o amor, a compreensão, o respeito, a cumplicidade, a harmonia, a solidariedade, a amizade e principalmente na fé. Apesar de não freqüentarmos a mesma igreja e não rezarmos as mesmas orações, temos Deus em nossos corações acima de tudo, cada um do seu jeito; e aprendemos a nos respeitar pelo que somos e não pelo que temos, pois tudo que o dinheiro é capaz de comprar, o mundo é capaz de tirar! O que conquistamos com a nossa fé e nos faz crescer interiormente nada nem ninguém é capaz de tirar!
Construímos nosso relacionamento, como nos orienta Mateus em seu Evangelho, sobre a rocha firme e não sobre a areia (Mateus 7:24-27). Usamos a rocha do amor para construir nosso lar.
Infelizmente, por outro lado, hoje também é um dia que traz tristeza pois, meu pai, o querido Belmiro Barrella, de quem herdo muito mais do que simplesmente o nome e que jamais deixou que nada faltasse à nossa família apesar de seu gênio forte, autocrático e muitas vezes ditatorial; hoje está em uma cama, quase totalmente desconectado do mundo real depois que o visitante alemão conhecido como Mal de Alzheimer veio fazer-lhe uma visita e nunca mais foi embora.
Daqui há pouco irei visitá-lo, dar-lhe um beijo na face e desejar-lhe um Feliz Dia dos Pais, pois seguramente ele merece pelo que fez a mim e aos meus irmãos, no entanto, certamente ele irá permanecer no seu silêncio, com os olhos fechados, sem expressar qualquer reação.
Não sou médico nem psicólogo e por esta razão não tenho como avaliar se ele faz isso voluntaria ou involuntariamente, no entanto, pouco me interessa saber, uma vez que, tendo ele consciência ou não da minha presença física, ou compreensão do que estarei lhe dizendo, ele ainda é o meu querido pai, modelo de homem honesto, íntegro e mais do que tudo, modelo de pai.
Certamente há muita coisa que um deveria ter falado para o outro, mas infelizmente agora é tarde demais!
Se conselho fosse bom ninguém daria de graça e por essa razão, peço a quem utilizar o que irei dar a seguir que deposite uma contribuição em minha conta corrente, pois ao invés de conselho será consultoria. 
Se seu pai ainda está vivo, goza de boa saúde e ainda é capaz de compreender o que você fala para ele, pare o que está fazendo agora e vá ao encontro dele. Dê-lhe um beijo e diga que o ama, desejando-lhe um Feliz Dia dos Pais, afinal, ninguém sabe como ele ou você estarão no ano que vem e talvez seja tarde demais para você agradecer por tudo o que ele fez por você.
Se você, como eu, já é pai, com certeza será capaz de compreender muitas das atitudes que seu pai tomou com você e certamente será capaz de perdoá-lo, pois só o perdão liberta o espírito.
A todos os pais que tiveram a paciência de ler esse texto até aqui, só me resta desejar:
“FELIZ DIA DOS PAIS!”

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Quem Multa a Polícia?

A maioria esmagadora dos autores de livros sobre liderança afirma que a “as pessoas fazem o que a gente faz, não o que a gente diz a elas para fazerem”.


De minha experiência de vida, seja como empregado, seja como consultor de empresa, seja como vizinho, seja como pai, enfim, seja em que situação for, sempre procurei pautar minha conduta nesta máxima.


Nas empresas é muito fácil de observar-se que quando o chefe não respeita o horário, seja ele o dono do negócio, seja ele apenas um empregado mais graduado, os subordinados, via de regra, seguem o seu modelo como trabalhadores, ou seja, se o horário de entrada é às oito da manhã e o líder, que não tem que “bater cartão”, só chega às oito e meia, normalmente este é o turno que seus liderados irão cumprir. Mesmo que eles cheguem antes das oito da manhã pois, tem que “marcar o ponto”, normalmente ficam em rodinhas de bate papo ou acessando a Internet, ou ainda simplesmente na “Operação Abelha” – ficam voando ou fazendo cera – até que o chefe resolva chegar e começar a trabalhar. Quem nunca presenciou este tipo de situação que atire a primeira pedra.


Ledo engano do chefe acreditar que os subordinados estarão seguindo suas orientações antes de sua chegada, eles, na verdade, estarão seguindo o seu exemplo.


Fato semelhante ocorre, por exemplo, nas garagens dos condomínios onde não existe efetivamente uma relação de hierarquia, mas deve haver uma relação de respeito mútuo. É muito comum existir a figura “do folgado” que para o carro de qualquer jeito na sua vaga, sem se preocupar com o vizinho. O pior da estória é que este “folgado” sempre é o primeiro a reclamar quando ele julga que o vizinho avançou sua faixa do estacionamento, ou qualquer outro tipo de situação em que se sinta prejudicado, afinal somente ele tem direitos, todos os outros apenas obrigações. Seu exemplo como vizinho e como cidadão é péssimo e normalmente se estende aos seus filhos que crescem como pequenos ditadores potencializando o mau exemplo recebido dentro de casa, pois os filhos também aprendem mais fácil o que vêem seus pais fazerem do que aquilo que eles possam lhes falar.


Infelizmente no Brasil a classe política que tem como principal responsabilidade em nossa democracia: legislar, governar e julgar, também não se pauta neste princípio pois, todos os dias os noticiários estão repletos de notícias sobre corrupção, roubalheira, falcatruas, nepotismo, empreguismo e muitos outros “ismos” que envergonham a nós, os cidadãos que os elegeram e esperam deles um exemplo mais digno de nosso voto e nossa confiança.


O motivo de toda esta introdução é relatar um fato que presenciei ontem pela manhã, mas que pode ser observado a qualquer hora, em qualquer rua de qualquer cidade do país, ou seja, o abuso de poder por parte da Polícia.


Quem nunca foi atrapalhado por um veículo trafegando muito lentamente em ronda, até aí tudo bem, mas ao invés de estar na faixa da direita para que o tráfego possa fluir, o veículo fica na faixa da esquerda, deixando os motoristas no dilema de ultrapassar a viatura pelo lado direito, o que configura uma infração de trânsito passível de multa? 
Quem nunca fez uma curva e deparou com uma viatura parada em fila dupla e os seus ocupantes estavam dentro de alguma padaria ou lanchonete tomando o seu merecido lanche? Este mesmo policial sai de seu lanche e vai aplicar multas aos pais que param seus veículos em fila dupla nas portas das escolas. Realmente, em ambos os casos a situação é a mesma e a infração de trânsito também.


Ontem pela manhã presenciei uma cena inusitada que passo a relatar a seguir. No bairro onde moro, existe um número muito grande de caminhões e carretas trafegando durante o dia e a noite devido à Lei de Zoneamento que permite a instalação e operação de transportadoras. As ruas são estreitas e esburacadas, sendo comum que dois “brutamontes” acabem tocando os espelhos retrovisores ou tendo que fazer verdadeiros malabarismos para que o trânsito possa fluir.
Por volta das nove e meia da manhã, uma viatura estava trafegando em ronda por um dos principais acessos ao bairro, quando presenciou uma Kombi estacionada sob a placa de “Proibido Estacionar”. O policial que estava na condução da viatura a parou em fila dupla bem ao lado da Kombi, restringindo ainda mais o tráfego e seu colega que estava no banco do carona abriu o talão de multas e lavrou a mesma sentado em seu banco, na maior tranqüilidade, como se tivesse todo o tempo do mundo para fazê-lo. Logo começou a formar-se um congestionamento, pois o local onde a viatura estava estacionada não permitia a passagem de nenhum tipo de veículo pesado pela rua. Passados quase cinco minutos, o policial desceu da viatura e colocou a multa no pára-brisa da Kombi, voltou calmamente para a viatura e só depois disso a mesma foi movimentada em velocidade de ronda, o que acarretou num cortejo fúnebre, não atrás de algum defunto, mas atrás do desrespeito e do abuso de autoridade. Os motoristas que estavam no final da fila e não podiam enxergar a viatura da Polícia buzinavam e “xingavam” os motoristas do início da fila que nada tinham a ver com o ocorrido.


Uma senhora que acompanhou a cena toda ao meu lado, antiga moradora do bairro, com seus cabelos todos branquinhos, acima dos setenta anos, olhou para mim com ar de desolação e perguntou-me:
 - “Moço, me diga uma coisa. Esse policial multou o homem da “perua” que estava estacionada no lugar errado, mas quem vai multar a Polícia?”
Encabulado, não tive coragem de olhá-la diretamente nos olhos pois eu também estava inconformado com o que acabara de assistir e apenas respondi com a voz envergonhada para ela:


- “Ninguém minha senhora, ninguém pode multar a Polícia!”
Inconformada ela completou:


-“Que péssimo exemplo esses “guardas” estão dando! Se fosse o senhor que tivesse parado em fila dupla, o que “ia” acontecer com o senhor?”


Sem ter que esforçar-me muito para pensar em uma resposta para a senhora de cabelos brancos, disse apenas três palavras:


-“Certamente seria multado.”


Sorrateiramente, ainda inconformado com o que havia testemunhado, continuei minha caminhada antes que a simpática senhora pudesse me fazer alguma outra pergunta e eu não soubesse como lhe responder. 


Durante o dia inteiro não comentei com ninguém o que havia presenciado logo cedo, uma vez que, situações como estas, são tão comuns em nossa querida Cidade de São Paulo que acabamos nos acostumando com elas como se fossem perfeitamente normais, pois, gostemos ou não gostemos, apesar dos pesares, a vida tem que continuar!

domingo, 7 de agosto de 2011

Aniversário da Dona Marisa

Boa noite pessoal!
Neste final de semana aproveitei para um descanso merecido pois a semana passada foi muito corrida, com poucas horas de sono e muitas horas de pressão. A preguiça foi mais forte do que a vontade de escrever.
Aproveitei para descansar e para curtir o 77° aniversário da Dona Marisa, minha querida mãe. Foi muito legal ver os irmãos, cunhados e cunhadas, sobrinhos e sobrinhas, reunidos para cantar o "Parabéns a Você", comer salgadinhos, bolo e docinhos e para falar muita besteira em família, como sempre acontece em nossos encontros.
Apesar de muito simples, a festa fez-me lembrar dos velhos tempos quando nos reuníamos para cantar junto com o nosso pai, o velho Barrellão, acompanhado por seu violão.
Todos cantávamos suas músicas e o ouvíamos cantar velhos boleros e músicas do Nelson Gonçalves, ao seu mais puro estilo "Canastrão". Infelizmente essas lembranças hoje residem apenas em nossas memórias, mas mesmo no silêncio de sua doença, ele também comemorou conosco.
Dona Marisa é uma guerreira e está segurando uma barra muito pesada nos últimos anos e foi muito bom termos conseguido proporcionar-lhe algumas horas de felicidade explícita.
As lágrimas que rolaram dos seus olhos ao ver toda a família reunida, tentando fazer silêncio para não estragar a surpresa enquanto ela entrava em casa sem fazer a mínima noção do que a esperava na sala, demonstraram o quanto ela ficou feliz e agradecida a nós.
No final, valeu a pena e todos ficaram muito felizes.
Amanhã volto às publicações, pois o ócio de hoje encheu minha cabeça de idéias e temas para serem explorados ao longo da semana.
Boa semana para todos e até amanhã!

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O Medo e a Ousadia

Medo e ousadia inicialmente podem parecer coisas antagônicas e incompatíveis, sendo que uma é o oposto da outra e aparentemente, uma pessoa que tem medo não ousa devido a este medo; ou se ela é ousada é por que não tem medo. No entanto, após uma análise mais profunda, chega-se à conclusão de que medo e ousadia são "forças" perfeitamente complementares.

Segundo o Dicionário Melhoramentos, “Medo” pode ser definido como: perturbação resultante da idéia de um perigo real ou aparente; apreensão; receio de ofender, de causar algum mal, de ser desagradável.

No mesmo dicionário, encontramos a “Ousadia” definida como: qualidade do ousado, coragem, galhardia; arrojo, atrevimento, audácia; e ainda “Ousar”: atrever-se a; decidir-se a; empreender.

Fica evidente pelas definições acima que enquanto medo está relacionado a sentimento: perturbação, apreensão, receio etc., ousadia está relacionada a ação: arrojo, atrevimento, etc. Deste modo pode-se afirmar que a melhor forma de se superar o sentimento de medo é colocando-se em ação, uma vez que superação só se dá através de alguma ação.

Sem aumentar a intensidade e aprimorar-se nos treinamentos o atleta não é capaz de superar suas marcas; sem trabalhar mais o trabalhador não é capaz de aumentar os seus ganhos, sem estudar mais o estudante não é capaz de superar os seus concorrentes num vestibular e, do mesmo modo, sem ousar uma pessoa não é capaz de superar o seu medo.

Desta forma pode-se concluir que medo e ousadia se completam uma vez que, enquanto o medo nos determina os limites, a ousadia nos faz superar estes limites, ou ainda, enquanto a ousadia nos faz sempre mais atrevidos, o medo impede que sejamos irresponsáveis. Resumidamente podemos chegar à conclusão de que:

A ousadia faz o homem se sentir vivo. O medo o ajuda a permanecer vivo!

Medo e Ousadia são igualmente importantes em nossas vidas, desde que em perfeito equilíbrio. Tão nocivo quanto ser dominado pelo medo e não viver as emoções da vida, é deixar-se levar pelo excesso de ousadia e assumir riscos desnecessários e perder a vida.

A busca do equilíbrio entre estas duas “forças humanas” é a melhor resposta para que as pessoas possam desfrutar a vida em sua plenitude, com equilíbrio e ao mesmo encarando os desafios e superando os seus próprios limites.

A melhor forma de superar a apreensão é o arrojo; para superar-se o receio, o atrevimento e para vencer o medo, a ousadia!

Certamente não é fácil encontrar o ponto de equilíbrio destas forças, porém sem um primeiro passo, uma primeira ação nada muda, mesmo que esta primeira ação seja simplesmente uma decisão, pois para quem vive no medo, tomar uma decisão já representa um ato de ousadia explícita.

Com a prática da ousadia dia após dia, certamente o medo dará lugar ao atrevimento, ao ímpeto, ao arrojo, ao empreendedorismo, enfim, a uma nova vida, pois como dizia Theodore Roosevelt, um dos maiores líderes que o mundo já conheceu:

“É melhor ousar coisas difíceis e conquistar triunfos grandiosos, embora ameaçados de fracasso, do que se alinhar com espíritos medíocres que nem desfrutam muito nem sofrem muito, por que vivem em uma penumbra cinzenta onde não se conhece nem vitória nem derrota.”

Publicado originalmente em 11/06/2007 no Recanto das Letras.
Revisado em 05/08/2011.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Dia da Decisão

Hoje, 04 de Agosto de 2011, foi o Dia da Decisão!
Depois de muito tempo resolvi deixar a preguiça de lado e finalmente colocar no ar o meu Blog.
Meu principal objetivo com esta decisão é passar alguns momentos descontraídos à frente do meu notebook sem qualquer outra intenção a não ser escrever "coisas" que me deem prazer e me façam feliz.
Das intermináveis horas que sou obrigado a passar olhando para uma tela fria, lógica e séria deste parceiro de trabalho digital, para desenvolver minhas atividades profissionais e ganhar o pão de cada dia, assumi comigo mesmo o compromisso de compartilhar experiências do meu cotidiano para compartilhá-las com quem se dispuser a me acompanhar nesta jornada.
Palavra por palavra estas experiências serão relatadas através do teclado transformado num portal lúdico e mágico para o mundo dos meus pensamentos.
Certamente em algumas situações as tintas com que conseguirei pintar estas experiências não serão assim tão coloridas e alegres como eu gostaria, pois viver numa cidade como São Paulo nem sempre é uma tarefa tão agradável e divertida!
Dou as boas vindas a todos que se disponham a me acompanhar!