sexta-feira, 20 de abril de 2012

A Fábula do Passarinho Atrasado

O texto que estou postando hoje chegou às minhas mãos em 1985 em uma fotocópia de um FAX (meio de transmissão de documentos mais avançado da época que estava substituindo o TELEX).
A singela estória apresenta a saga de um pequeno passarinho que atrasou-se na sua migração antes do inverno e foi surpreendido por uma forte tempestade durante sua viagem.
Mantive inalterados os termos usados no texto original pois, apesar de inicialmente poderem parecer grosseiros para algumas pessoas, se substituídos, tirariam todo o sentido dos quatro sábios ensinamentos nele contidos. 
Desde aquela época tenho utilizado esses ensinamentos em minha vida pessoal e, principalmente, profissional. Boa leitura!

"Era uma vez um passarinho que se atrasou na sua migração para o sul para fugir do inverno e teve que encarar a longa viagem sozinho, sem o auxílio de seus pares.

Mal ele iniciou a viagem e foi surpreendido por uma fortíssima tempestade de vento e neve.

Sozinho, sem o auxílio dos seus companheiros para vencer a resistência do vento cortante, foi sentindo suas asas cada vez mais fracas, sua respiração cada vez mais ofegante e todo o seu pequeno corpo congelar.

Quando estava a ponto de perder totalmente a consciência, vencido pelo vento, pelo frio e pelo cansaço, avistou uma luz forte a uma centena de metros a sua frente. Num esforço máximo ele conseguiu retirar as últimas forças de suas asinhas congeladas e alcançou a fonte da luz.

Era um grande celeiro no meio do nada com uma janela aberta próxima ao telhado.

Quase desfalecido a pequena ave passou pela abertura da janela e caiu totalmente imóvel no chão.

Achando que não mais teria forças para se recuperar, sentindo seu corpo totalmente rígido e que seu sangue já quase não mais circulava por suas veias, sentiu que algo muito quente e envolvente, como um manto aquecido caiu sobre seu corpinho congelado. Pouco a pouco aquele manto quente o aquecia e desde o seu bico até sua calda seus movimentos foram voltando e ele foi recobrando a consciência dos acontecimentos.

Quando estava totalmente restabelecido, abriu seus pequenos olhinhos para ver o que houvera salvado sua vida. Qual não foi sua surpresa ao ver que o milagroso manto que o aquecera nada mais era do que as fezes de uma grande vaca que ruminava compulsivamente o capim acumulado no chão do celeiro.

Revoltado com a situação o pequeno passarinho começou a piar cada vez mais alto para mostrar sua revolta com aquele animal que minutos atrás cagara na sua cabeçinha.

Ao ver aquela agitação toda e ouvir o alto trinado do passarinho, um gordo gato que fazia sua sesta preguiçosamente, aproximou-se sorrateiramente do animalzinho e sem nenhum tipo de escrúpulo, o comeu mesmo todo coberto por aquela gosma fedorenta.

Desta pequena e singela fábula podemos tirar quatro sábios ensinamentos:

Primeiro Ensinamento: Nem sempre quem caga na sua cabeça é seu inimigo.

Segundo Ensinamento: Nem sempre quem lhe tira da merda é seu amigo.

Terceiro Ensinamento: Se você se sente aquecido e protegido, mesmo que esteja na merda, fique de bico fechado.

Quarto e Último Ensinamento: Quem está na merda não pia."

Autor desconhecido. (Reescrita por Belmiro Barrella Jr.)